Cuidando dos mais velhos – parte 1
Como tema de abertura, resolvi prestar uma homenagem aos mais velhos, ou devo dizer “às mais velhas”? Sim, me refiro as construções antigas que estão cada vez mais raras (ou “rarras” se dito pelo chefe Claude Troisgros), abandonadas, queimadas por incêndios misteriosos e até mesmo no chão para dar lugar a “renovação”.
Quando vejo uma construção antiga torna-se impossível para mim não comparar com o que nos espera quando formos tão velhos quanto. Vejo algo repleto de história, de passado, de momentos que fizeram parte desta evolução até os tempos de hoje. Vejo um idoso que outrora teve sua beleza admirável, mas que hoje foi atropelado pela voraz do dito progresso e compete com construções despreocupadas com o seu redor, mas somente com sua beleza própria e ego interior.
Acredito que isto reflete como nossa sociedade se relaciona com nossos idosos. Não temos paciência para respeitar seus valores, temos dificuldade em enxergar a beleza e importância que tiveram em seus tempos e para mim o pior, estamos surdos para escutar suas histórias, valores e sabedoria. Para mim é isto que os tem levado ao silêncio, a reclusão, a não mais serem interessantes e a entrarem em um caminho onde tudo que há por dentro vai ruindo aos poucos até sobrar apenas um esqueleto de fachada. Quantos nós não conhecemos ou avistamos em nossos dia-a-dia?
Em minha imagem inicial, saudei vocês com o nosso velho e querido Ocidente, que podemos dizer ser o “Tremendão” da turma. De pé, jovem e cheio de gás. O que o interesse, a atenção e o cuidado não são capazes de fazer?
Eu não tenho duvida.
Maurício Aurvalle